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quarta-feira, 30 de junho de 2010

Pastora Caroline Celico, esposa de Kaká, faz palestra sobre religião para mulheres da alta sociedade

Parecia uma reunião comum de senhoras bem-arrumadas e endinheiradas. Com suas bolsas Hermès e Chanel a tiracolo, elas papeavam sobre viagens, filhos e outras amenidades. Logo, o assunto principal da tarde da última terça (22), no belo apartamento da psicóloga Lucia Dall’Stella, no Morumbi, se tornaria outro: religião. Convidadas por Lucia e Rosangela Lyra, diretora da Christian Dior no Brasil, sessenta paulistanas da alta sociedade foram lá para ouvir as palavras de fé de Caroline Celico. Aos 22 anos, a jovem reúne diversos predicados: filha de Rosangela, mulher do craque Kaká, mãe de Luca, de 2 anos, pastora da igreja Renascer em Cristo e — finalmente — cantora estreante. Ela acaba de lançar um CD e um DVD com doze canções religiosas (em uma delas, faz dueto com o marido famoso). “Mas não sou profissional”, avisa, com a mesma voz doce que comovera sua pequena plateia minutos antes.



As primeiras convidadas começaram a chegar por volta das 17 horas. “Estive no lançamento do disco da Carol no início do mês”, conta Lucia. “Queria que minhas amigas pudessem ter o prazer de ouvi-la também.” Uma hora e dez minutos depois, a sala estava cheia. Cadeiras extras foram trazidas da sala de almoço para acomodar a mulherada. O número de presentes superou as expectativas. Estavam lá as colunáveis Paola Mansur, Tania Derani, Bia Doria, Maythe Birman… Evangélica, Iris Abravanel, mulher do apresentador Silvio Santos, também prestigiou o evento. Por todo canto, pipocavam diálogos cujo tema era a religiosidade. 18h15. Palmas para acabar com as conversinhas. Mãe coruja, Rosangela toma as rédeas do encontro. “A Carol poderia ter ficado em casa cuidando da vida dela, mas escolheu fazer um projeto para levar um pouquinho de Deus para as pessoas.” Foi interrompida pela entrada da filha, que chegou acompanhada de Simone Leite, mãe de Kaká.


Magrinha e com traços delicados, Carol trazia nas mãos a ‘Bíblia’ e uma cópia de seu DVD. Cumprimentou com beijinho todas as convidadas. “Fiz sua festa de 2 anos”, lembrava uma. “Minha filha estudou com você”, dizia outra. Para quebrar o clima, a estrela da tarde contou que estava no Brasil havia mais ou menos um mês e que sentia falta de requeijão. Quando se casou com Kaká, em 2005, mudou-se para Milão. Atualmente, mora em Madri. Vem a São Paulo duas vezes por ano. Criada nas doutrinas do catolicismo, afirma que se encontrou na igreja evangélica. “Deus habita dentro de todas nós e ordena sua bênção na comunhão dos irmãos”, começou. O silêncio das ouvintes só é interrompido por sussurros de “amém”. Carol Celico fala sobre a dificuldade de engravidar — “longos seis meses” — e sobre a cirurgia para a retirada de um tumor benigno pela qual o filho passou no ano passado — “entreguei-o nas mãos de Deus”. Chega a hora da oração final. Juntas, todas oram baixinho guiadas pelas palavras da pastora. “Obrigada, Senhor, por, num mundo tão difícil, conseguirmos juntar mulheres lindas que têm mais do que poderiam imaginar.” Mais para frente, diz: “Eu quero pedir, Senhor, acompanha cada uma, derrama da sua alegria, da sua paz, do seu poder, hoje e sempre”.


Emocionadas, algumas convidadas não conseguem conter as lágrimas. É o caso da juíza Claudia Fanucchi. Viúva há um ano, ela enfrenta um câncer de mama. “Espero que as pessoas não precisem se aproximar de Deus pela dor”, desabafou, com os olhos ainda marejados. Bem-humorada e cheia de culpa, a designer de joias Carla Settanni decidiu: “Vou começar a frequentar a igreja amanhã!”. Todas rumam para a sala do home theater para assistir ao DVD. No fim, aplaudem com veemência. Chamada para agradecer, Carol prefere não ir. Parece ainda pouco à vontade na pele de celebridade. “Até outro dia eu era apenas a esposa do Kaká”, diz. “Está tudo muito maior do que eu pensei.” Seu CD, que pode ser baixado gratuitamente, já contabiliza 450 000 downloads. Sondada por algumas gravadoras, Carol deve anunciar um contrato nos próximos dias. Quando não está pregando, mostra seu lado menina bem-nascida. Usa um colar de brilhantes, do joalheiro Jack Vartanian, com um símbolo do infinito formado pelas duas letras C de seu nome e sobrenome. “Representa o amor infinito de Deus.” Os cabelos castanhos foram discretamente clareados no salão de Wanderley Nunes, no Shopping Iguatemi. Nas unhas, Particulière, o esmalte-febre da grife Chanel. Nos pés, botas de cano alto do caríssimo designer italiano Sergio Rossi. “Sou vaidosa”, admite. “Cresci no meio da moda.”


A essa altura, o banquete preparado por Tuca Lobo Vianna está servido. Até as 20h30, Carol não havia sequer tocado na casquinha de hadoque, no patê de foie gras com azeite trufado nem no creme de pera com gengibre. A mãe de Kaká, Simone Leite, bispa da Igreja Renascer de Milão, ficou o tempo todo ao lado da nora. “Ela me chama de tia, olha que bênção?” Confiantes, as duas fazem planos de ir à África do Sul para assistir às finais da Copa do Mundo. Preferem silenciar sobre a expulsão do craque na partida de domingo passado. Durante os jogos, fazem uma corrente de orações por Kaká e seus colegas. Têm companhia da católica fervorosa Rosangela, que deixou no passado o sofrimento por ver sua filha convertida. “Criei a Caroline para ser uma princesa”, diz. “Fico feliz que ela tenha se casado com um príncipe!” Fim do encontro. Na tarde de mulheres chiques com a senhora Kaká, o assunto menos comentado foi o futebol.

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