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SOCIEDADE BÍBLICA


quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Neemias e a Restauração da igreja


Como nos tempos de Neemias, é hora de restauração. Vivemos os últimos dias, nos quais toda a carga profética do fim tem sido cumprida. São dias difíceis, trabalhosos e confusos. Tempos de engano e de falsa fé, de doutrinas estranhas e de blasfêmias. São tempos trabalhosos para a igreja, pois em meio a tudo isso o Senhor tem cumprido a sua promessa de restaurar, derramar a chuva serôdia, de limpar o limpo e de levantar um povo zeloso.

As verdades de Deus têm sido restauradas e homens e mulheres têm se levantado para vivê-las, custe o que custar. Todavia, é um tempo de confusão, de engano e de destruição. Muito se perdeu ao longo do tempo, os absolutos de Deus foram colocados de lado, pela prevalência da vontade da maioria, da experiência dos homens, das suas conveniências. Muitas vezes, a Palavra de Deus é tratada como uma massa de silicone, isto é, que se amolda numa fôrma. Os homens que assim agem (e infelizmente talvez seja a maioria nos dias de hoje), colocam os princípios do Senhor na sua fôrma, moldam conforme as suas conveniências.

É uma geração maleável, sem firmeza no Senhor, que vive conforme as contingências e negociam, muitas vezes sorrateiramente, os princípios de Deus. Poucos há que possam afirmar como Paulo: o evangelho que recebi não foi da parte de homem, mas de Deus. Entendemos hoje por que o senhor questionou se na sua volta acharia fé na terra. Fé não é confiança, como muitos pensam, fé é firmeza, é firme fundamento: fé é estar firmado em Cristo.

Restaurar a igreja é tarefa de Deus. Mas Ele conta com a própria igreja para isso. Conta com homens comprometidos e firmes, que estejam dispostos a se gastar nessa tarefa e que O amem o suficiente para isto. Muitas vezes podemos nos desanimar ao contemplar a realidade da igreja hoje, mas não é isto que Deus espera de nós. Deus aperfeiçoará a Sua igreja, pois esta é a sua vontade e será cumprida. Cristo em nós é o que Deus espera. Cristo revelado a cada um, não teorizado, mas revelado de fato.

A igreja é o corpo de Cristo, logo, é o Seu complemento. Cristo e a igreja são um. A igreja está unida a Cristo como o corpo à cabeça e como a esposa ao marido. Tudo aquilo que não provém de Cristo não é a igreja. Cristo é o princípio e o fim. Não há igreja sem Cristo. Mas isto é experiência individual e não mero conhecimento teológico.

Jerusalém estava desolada, seu muros rachados, seus portões destruídos. Precisava ser restaurada. Deus moveu o coração de homens e mulheres, de servos e soberanos para esta obra. Deus tem igualmente movido o coração de homens e mulheres nos dias de hoje para cumprir o seu intento de restaurar a sua igreja.

1. Neemias não se conformou com a situação de Jerusalém (cap. 1). Ao ser informado do estado em que se encontrava a Grande Cidade, Neemias se pertubou e não se conformou. Sabia que algo precisava ser feito. Deus sempre tem levantado homens comprometidos com a restauração da Verdade.

2. Neemias se levantou a orar e a chorar diante do Senhor (cap. 1). A atitude de Neemias não foi de crítica, pois ele bem sabia porque Jerusalém tinha ficado desolada, nem de apatia. Ele pranteou diante do Senhor e clamou por restauração. A atitude diante da situação da igreja hoje precisa ser digna de um verdadeiro profeta. Enxergar apenas não basta. É preciso choro, pranto e desejo de restauração.

3. Humilhou-se, chamou para si a responsabilidade (cap. 1). Toda obra que Deus quer fazer através de nós deve começar em nós.

4. Teve ousadia e disposição em fazer a sua parte (cap. 2:1-10). Deus quer contar com homens que estejam dispostos a se gastar pela igreja. Neemias foi ao rei e se dispôs a realizar o trabalho de reconstrução de Jerusalém. Ele não sabia sequer se contaria com ajuda de alguém. Mas estava disposto e firme no seu propósito. Saiu de uma posição de conforto, posto que era mordomo do rei. Aqueles que enxergam e que até têm o desejo de ver a igreja restaurada necessitam também ter a disposição em fazer a sua parte. Viver a revelação e os princípios do Senhor, independentemente de quem esteja vivendo.

5. Ao chegar em Jerusalém, Neemias primeiro tomou noção do que precisava ser feito, do que havia sido destruído ou danificado (cap. 2). Há muito a ser restaurado hoje, mas deve haver a noção do que é o alvo desta restauração. O que foi perdido e o que foi esquecido, o que ficou no vazio, o que precisa ser revisto. Tudo estava destruído, mas Neemias viu primeiro que os muros e a porta estava destruídas. E note-se que a restauração começou justamente por aí. Ao longo dos anos muitos se levantaram na tentativa de cooperar com a restauração da igreja, mas dando ênfase na obra do Espírito Santo, ou na fé, ou na vida em família, na comunhão... A restauração começa na porta de entrada: Cristo.

A igreja tem que partir deste ponto, não adianta enfatizar outros. Neemias sabia que não adiantaria restaurar as casas, os prédios, e tudo que estava depois da porta e que tinha sido destruído se primeiro não fossem restaurados os muros e a porta. Assim também não adianta restaurar ou relembrar a igreja a obra do espírito, a vida em família ou qualquer outra coisa se Cristo não for restaurado na igreja em toda a sua posição de senhorio e glória. Se a ênfase não estiver em Cristo, nada subsistirá na igreja. Se Cristo não for a vida, a experiênca, a doutrina, a fé, o tudo de cada cristão, todo o resto será comprometido. Mas se Cristo estiver restaurado na igreja, se cada um tiver conhecimento e compromisso com Ele, a restauração será completada.

6. Na restauração, Neemias:

6.1. Desprezou as críticas e pressões dos que não eram judeus (2:19-20). A primeira resistência na restauração da verdade é enfrentar as pressões do mundo. A vida normal da igreja, tal como estabelecida por Deus é totalmente contrária aos padrões mundanos e aos seus valores. Pena que a tendência dos cristãos de hoje é mesclar o mundo na igreja, cedem às pressões por mínimas que sejam. O mundo não tem parte nem herança na obra de restauração da igreja, não nos interessam os seus valores e pressões.

6.2. começou a restauração pela porta das ovelhas (3:1). De tudo o que havia para ser restaurado, a prioridade foi a porta das ovelhas. De tudo o que precisa ser restaurado na igreja hoje, a prioridade é Cristo. Ele é a porta das ovelhas. Não há doutrina, obra do Espírito, vida de comunhão, fé, ou qualquer outra coisa no meio da igreja sem Cristo. Por isso tanta superficialidade na experiência de muitos dos cristãos de hoje, pois falta Cristo. E qualquer um que deseje ver e cooperar com a restauração da igreja deve começa por Cristo. Se Jesus fosse o nosso alvo inicial como igreja, talvez não teríamos uma geração de cristãos tão almática, carnal e inconstante (se é que isso é cristianismo). Havia muito a ser restaurado, mas a porta das ovelhas era prioridade. Embora muito necessite ser restaurado nos dias de hoje, Cristo é a prioridade. Ele não só é o princípio, mas o fim.

Ao longo dos anos, vemos homens se levantando e diagnosticando que a restauração da igreja passa pela restauração dos dons, da obra do Espírito Santo, da vida de corpo. Amém, é tudo isso mesmo, mas primeiro, deve Cristo ser restaurado com toda a sua vida, poder, presença e governo. Essa geração de hoje precisa ouvir falar de Jesus, mas não só isso, precisa ver o povo que se chama pelo Seu nome, que diz que o segue refletir a sua presença como resultado de uma vivência diária, prática e não retórica.

6.3. após, continuou a edificar todas as portas e a fechar todas as fendas (cap. 3). Uma vez Cristo sendo restaurado e pregado com ousadia, é necessário que sejam fechadas as brechas por onde penetram tantos inimigos e que enfraquecem a estrutura dos muros. A revelação de Cristo na vida do cristão deve ser acompanhada de uma reestruturação de mente e alma. Devem ser retiradas as falsas noções, as experiências que não provêm do Espírito. Enfim, não se trata de uma experiência emocional. Todos os focos de lacunas no conhecimento de Cristo devem ser preenchidos com a sã doutrina. Falta nesta geração de hoje o conhecer as escrituras que testificam de Jesus. Não apenas o conhecer teórico, mas a revelação proveniente do Espírito e, por outro lado, a submissão à autoridade da Palavra.

Vivemos numa geração de Cristãos que escolhem a quem devem ouvir, e isso Paulo já chamava de carnalidade, desde a experiência dos Corintos. Ouvem a Palavra, caso seja proferida por fulano, ou beltrano, que, em regra, são líderes ou presbíteros. Mas, se a mesma Palavra vem de sicrano, o qual não conseguiu ainda penetrar na restrita lista aqui falada, a Palavra é desprezada. Quase não se vê aquele temor reverencial à Palavra, que só pelo fato de ser a Palavra, não importa quem a profira, faz emudecer o coração contrito a Cristo, que sabe que Ele é a Palavra.

6.4. não se acovardou, mas armou-se (cap. 3). As ofensivas, pressões e ameaças do inimigo foram ficando mais pesadas. Neemias não desistiu, nem parou o trabalho. Antes, se armou. Quantos cristãos voltam atrás em tuas posturas diante do Senhor por causa das pressões. Param, tornam-se infrutíferos, distraídos, vão cuidar dos seus próprios interesses. Quantos homens começam a obra de edificação da igreja e após param para lutar contra o inimigo, desviam o tempo para se ocuparem com os cuidados da vida, que muitas vezes são demasiadamente agravados por satanás para nos distrair. Deus quer homens que edifiquem armados. As armas são espirituais e o Senhor as dispõe a quem se dispõe a servi-lo.

6.5. os edificadores trabalhavam lado a lado (cap. 3). A vida de comunhão da igreja vai sendo desenvolvida a medida que Cristo vai sendo restaurado. É um erro grave achar que estar junto, reunidos aqui e acolá, até mesmo todos os dias, de casa em casa, no partir do pão, vá gerar Cristo. Vai, sim, mas para aqueles em que Ele já foi implantado, isto é aqueles que apenas estão prosseguindo em conhecê-lo, mas já o conhecem. Os cristãos desse século se afeiçoam muito pela revelação de corpo, de estar junto, freqüentar a casa e a intimidade do outro, mas na prática da maioria, a vida de ‘comunhão’ não passa disso.

E as reuniões e os encontros de que tomam parte, muitas vezes servirão para encobrir a triste realidade de que não estão unidos a Cristo, portanto, não podem estar unidos a seu corpo. Re-unir significa unir novamente. Uma reunião de pessoas que não foram anteriormente unidas não tem sentido, pelo menos para Deus. Cristo é que vai nos unir e a nossa união nEle vai gerar uma verdadeira re-união, todas as vezes que nos encontrarmos, seja no passeio da rua, no ônibus, nas casas, em qualquer lugar haverá salmo, hino, palavra, profecia. Como seria se existisse um equipamento que fizesse um raio-x do coração (alma) daqueles que estão reunidos em nome do Senhor! Quanta reserva pessoal, quanta insinceridade, quanta hipocrisia, quanta rejeição seriam diagnosticados!

A Igreja deve se mover no dia-a-dia, no partir do pão, nas orações, mas tudo isso com o início e fim em Cristo, caso contrário haverá muito problema a solucionar. A vida em família, como Deus quer, diga-se, é um milagre e só pode ser promovida pelo ‘Cristo em vós’ que gera amor, perdão, sinceridade, misericórdia, respeito, serviço, humildade, mansidão.....

7. Ainda, neemias enfrentou:

7.1. Os inimigos de fora - Todavia, não os temeu, mas se armou contra eles. Também não cessou a obra de edificação enquanto os resistia e sempre os edificadores tinham a espada embainhada e a água consigo, enquanto trabalhavam (cap. 4:23). A espada do Espírito é a Palavra de Deus e a água é o próprio Espírito. A igreja precisa da Palavra, mas precisa do Espírito, que revela a Palavra.

Muitos tem se apegado excessivamente à literatura Cristã, apostilas, textos impressos, o que muitas vezes os torna cegos e deixam de lado a Palavra. Por mais que seja idônea esta ou aquela obra literária cristã, não substitui a Palavra, visto que a Palavra não tem limite, nem material, nem temporal, mas a literatura sim. Bom lembrar que muitas vezes essa ou aquela direção ou Palavra de Deus é para um momento ou situação. Mas aí vem os homens cristãos dessa época, que adoram um ritual, por mais disfarçado que seja, e transforma em regra. O aproveitamento das estruturas podres tem gerado um edifício tendente a ruir, pois muitas de suas partes estão apoiadas em escombros. Deus quer terra limpa para cavar profunda vala.

A igreja rompeu as barreiras quando rompeu com o catolicismo. Pena que o movimento protestante conservou a estrutura humana, isto é, o lugar de adoração, o sistema clérigo, a estrutura formal, só que com outros nomes e ênfases. Hoje, corremos o mesmo risco: aprisionar a obra do Espírito segundo a nossa estrutura. Quando o homem tem uma experiência diária com Cristo, isso vai gerar nele uma direção do Espírito, um amor, uma sinceridade, uma humildade, uma mansidão, um desejo e necessidade de estar em comunhão com os demais membros do corpo, uma obrigação de pregar o Evangelho, de se doar por Cristo e isso ele vai fazer naturalmente e espontaneamente. Cancelem-se as reuniões, programas e etc.. e quantos terão esse mover (??).

7.2. as questões internas (cap. 5). Neemias tratou o pecado, não se preocupando com a posição dos transgressores. Eram magistrados e nobres, mas não estavam agindo conforme o exigido para a sua posição. A crise de liderança é um mal dos dias de hoje. Muitos lideram sem condição para isso, e algumas vezes, não se trata de maturidade apenas, mas de idoneidade. É aquela estória: para sustentar a estrutura é melhor deixar qualquer um à frente do que não ter ninguém. Ora, lembremo-nos que é o Senhor da Seara que envia os obreiros. Nosso dever é orar, mas enquanto eles não chegam é melhor não se impor precipitadamente as mãos sobre ninguém. Lembremo-nos, ainda, que os critérios de Deus são terrivelmente profundos para os que estão na linha de frente, mas constantemente o cristianismo de hoje tolera os descredenciados para a obra, que muitas vezes podem ter boa vontade, amor, sinceridade, e acabam se prejudicando por serem colocados diante de uma responsabilidade que não têm condição, pelo menos por enquanto, de assumir.

8. Quando o muro e as brechas foram restaurados, o inimigo tentou fazer aliança (cap. 6). Neemias não cedeu, não quis acordo, não se aliou a eles. Satanás age dessa forma. Tenta desanimar destruir de fora, mas depois quer penetrar para contaminar. É o joio no meio do trigo. O joio é tão parecido que se confunde com o trigo, salvo quando este último cresce. Pena que o joio exerce muita influência e contamina com os seus valores. Quanto joio no meio da igreja! Esse joio não é representado apenas por pessoas, mas pelos valores e padrões que elas introduzem no meio da igreja. É fácil perceber o que é joio, pois ele é vulnerável, mundano, superficial. Quanto padrão mundano nos cristãos desse século, quanta linguagem profana, torpe. O uso da liberdade em Cristo é interpretado pelo joio como credencial para andar, deter-se e se assentar com o pecado.

Não nos esqueçamos que as liberdades de que trata Paulo na carta aos Gálatas e aos Colossenses se referem às práticas judaicas. Não é possível que alguém imagine Paulo, Pedro e o próprio Jesus andando por essa terra falando palavras de duplo significado, ouvindo músicas profanas, deliciando-se com a programação da tv, com as novelas. Isso é joio. Mas é joio também a inserção de certos valores como a desonestidade disfarçada de ‘desequilíbrio financeiro’, a terceirização da criação dos filhos (muito normal nos dias de hoje, sendo anormal o contrário), a ambição, o desejo de Ter. O destino do joio é o fogo, mas para lá vai qualquer um que se assemelhe a ele.

9. Enfrentou o falso profeta (cap. 6). Mas teve discernimento. Tinha firmeza na Palavra, sabia que esta era autoridade e que se entrasse no templo seria morto. Mais uma vez, a autoridade da Palavra, o conhecimento da mesma e o discernimento. Aquele que os tem, saberá resistir como Neemias, saberá reconhecer o que é direção de Deus ou não. Mas isso só se alcança através de Cristo, não se ensina em qualquer escola ou se aprende em qualquer reunião ou encontro. É só com Cristo mesmo.

10. Uma vez acabados os muros e vendo os inimigos que não prosperarm em seus intentos, temeram a Deus (6:16). A igreja vivendo como igreja tem um reino aqui na terra, pois foi chamada para reinar. As portas do inferno não prevalecem contra ela. Mas, o contrário, é um povo que anda em círculos, não estabelece seu reino. Quantos cristãos têm o respeito dos de fora, dos colegas de trabalho, vizinhos, familiares? Quantos podem pregar a Cristo de boca fechada, apenas refletindo a sua pessoa, a sua vida? Quantos são referência para que os de sua casa sirvam a Cristo com zelo e sinceridade? O mundo não respeita os hipócritas e aqueles que usufruem de seus bens e valores. Gosta deles, é claro, mas não os respeita.

A conclusão de tudo isso é que Deus quer homens que:

- guardem o Evangelho (II Tm 1:14)

- sofram pelo Evangelho (II Tm 2:3)

- permaneçam no Evangelho (II Tm 3:14)

- preguem o Evangelho (II Tm 4:2) 

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