O pastor Dejair Batista Silvério, de 60 anos, afirmou na noite deste domingo (18) que a filha dele Sara Lima Silvério, de 18 anos, e a amiga Zélia Magalhães de Mello, de 45, foram libertadas no Egito. O Itamaraty confirmou a informação.
"Ela está viva. Falei com ela por telefone e ela disse: 'Pai, estou bem", afirmou o pastor, em entrevista ao G1, por telefone, do Egito. Segundo ele, Sara e Zélia, que foram liberadas sem ferimentos, serão levadas para o hotel onde o grupo da excursão foi hospedado. Todos fazem parte da Igreja Evangélica Avivamento da Fé, que tem sede em Osasco, na Grande São Paulo.As duas foram levadas por beduínos que "metralharam" o ônibus onde eles estavam, a caminho do Monte Sinai. "Foi algo impressionante", desabafou o pastor, após saber da notícia da libertação
Os turistas brasileiros haviam saído do Cairo e tomado uma estrada rumo ao Monte Sinai. "De repente, dois carros ultrapassaram o ônibus e eles desceram atirando. Foram vários disparos, de metralhadora e de fuzil. Eles atiraram na porta do ônibus. Achei que estavam até atirando na gente já. Foi então que eles entraram no ônibus e levaram as duas para fora", afirmou o pastor.
Amigos oram pelas brasileiras sequestradas no
Egito (Foto: Eduardo Carvalho/G1)
Silvério disse não saber o porquê da escolha das duas. "Foi muito assustador. A gente pessou que fosse um assalto", afirmou. "No começo, a gente achou que eles iam usar as duas como reféns para roubar as pessoas do ônibus."Egito (Foto: Eduardo Carvalho/G1)
O ônibus foi interceptado por um grupo de beduínos que sequestrou, além das duas brasileiras, o segurança do ônibus, que é egípcio e estava armado, segundo fontes do Itamaraty.
Os sequestradores colocaram os reféns em um carro e fugiram para uma região montanhosa, segundo autoridades egípcias.
Os demais brasileiros que estavam no veículo foram escoltados por duas equipes das Forças Armadas egípcias para um hotel perto do Monte Sinai, segundo Silvério.
"Foi uma coisa tão rápida e chocante", afirmou. Ele agradeceu o governo brasileiro pela "rapidez" com que entraram em contato com as autoridades do Egito. "Recebi uma ligação do embaixador. Também fui avisado que o Itamaraty estava tomando as providências."
A intenção do grupo é cruzar a fronteira com Israel nesta semana e voltar ao Brasil no dia 27.
Fiéis de igreja de brasileiras sequestradas no Egito oram pela segurança delas, em Osasco (Foto: Eduardo Carvalho/G1)
Terceiro caso
Vários casos parecidos, envolvendo estrangeiros, ocorreram na região em 2012.
Em fevereiro, beduínos sequestraram três turistas sul-coreanos, pouco depois de um crime similar contra duas americanas e um guia egípcio, com a exigência de libertação de companheiros detidos.
Os turistas e o guia foram libertados rapidamente e sem ferimentos, assim como 25 trabalhadores chineses que haviam sido sequestrados em janeiro e que ficaram cerca de 20 horas como reféns.
Beduínos foram presos por conta de envolvimento em atentados praticados na região entre 2004 e 2006, que mataram cerca de 130 pessoas.
Além de pedir a libertação dos companheiros, os beduínos também relatam descontentamento em relação à maneira como são tratados pelo governo provisório egpcio, no poder desde a queda do ditador Hosni Mubarak no ano passado.
Os beduínos pegaram em armas para ajudar a rebelião que derrubou Mubarak, mas consideram que não foram recompensados por isso pela junta militar egípcia.
Isso aumentou a tensão e a violência na região, com com ataques a delegacias de polícia e explosões frequentes contra oleodutos que levam gás ao vizinho Israel.
A pouco habitada região abriga a maioria dos luxuosos resorts egípcios, ao mesmo tempo que é o local de moradia de grande parte da pobre população beduína.
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