Uma das irmãs contratadas por seita mostra material sobre o dia do julgamento
De uma casa em um beco no bairro Nova Gameleira, região Oeste da capital, uma notícia apocalíptica vem sendo disseminada Brasil afora: o mundo vai acabar no mês que vem. É dali que todo mês diversos envelopes são enviados para vários endereços do país, contendo livros, cartazes e panfletos que apregoam a iminência do fim da humanidade.
Alardeado em filmes-catástrofe, o armagedon tem dia marcado, segundo o grupo cristão norte-americano Family Radio: 21 de maio de 2011. Em análise bíblica feita pela seita, a data representa o fim da "grande tribulação", período de 23 anos de ausência do espírito de Deus nas igrejas (contados a partir de 21 de maio de 1988) e de 7.000 anos do dilúvio de Noé.
O fim do mundo seria o dia do julgamento. "Deus fechará a porta de entrada para o céu eternamente. Apenas os verdadeiros crentes eleitos por ele (cerca de 200 milhões) serão arrebatados e levados para fora deste mundo", diz a seita.
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Um terremoto de proporções continentais se encarregaria de garantir o sofrimento, durante cinco meses, a bilhões de pecadores não escolhidos. "Em 21 de outubro de 2011, Deus destruirá completamente sua criação e todos aqueles que nunca experimentaram a salvação de Jesus Cristo", informa um dos panfletos. A seita também conta com a internet e rádio em ondas curtas para disseminar as previsões.
A vertente cristã fundada nos Estados Unidos por Harold Camping encontrou devotos por aqui e escolheu a capital mineira para receber uma espécie de sede administrativa. No local, duas irmãs se dedicam a receber cartas dos seguidores da doutrina norte-americana. Também providenciam tradução para a língua portuguesa dos estudos do movimento religioso. O grupo existe há mais de 50 anos e seus preceitos são difundidos em dezenas de idiomas. No Brasil, buscavam alguém para ajudar na divulgação da tese apocalíptica e, há oito anos, chegaram às irmãs mineiras.
Elas pediram para não serem identificadas. Como o endereço da sede consta no site da Family Radio, já houve quem as procurasse para saber mais das profecias de Camping. "Não queremos exposição", disse uma delas.
Graças à teoria do fim do mundo, as irmãs saíram da pobreza. Em Diamantina, no Alto Jequitinhonha, moravam num casebre sem água e sem luz na zona rural. "A gente era muito pobre", lembra uma das irmãs.
Há cerca de oito anos, outra irmã delas, que mora nos Estados Unidos, visitou o Brasil e encontrou a família sem nenhuma condição financeira. De imediato, contou que trabalhava para uma entidade religiosa que estava à procura de pessoas para ajudar na divulgação do fim do mundo. Ao serem informadas sobre quanto iriam ganhar pelo trabalho (cerca de US$ 500 mensais), deixaram suas convicções religiosas de lado. "Somos evangélicas e não acreditamos que o mundo vá acabar. De certa forma, isso é uma heresia", disse uma delas.
A menos de um mês da data apregoada pelo grupo religioso, as irmãs demonstram preocupação com a diminuição do trabalho. Na avaliação delas, a demanda tem reduzido diante do possível fechamento da sede norte-americana. "Estão mesmo fechando as portas e se preparando para o fim de tudo".
Veja o vídeo da "profecia":
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