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segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Chalita, pré-candidato à Prefeitura de SP, está dando livros seus “de presente” aos eleitores com uma cartinha cheia de doçuras e tolices


O deputado federal Gabriel Chalita, pré-candidato do PMDB à Prefeitura de São Paulo, agora deu para distribuir de graça livros — de própria lavra, é claro! — para os eleitores. Está cumprindo uma ameaça que fez na TV. No horário político do seu partido, com uma luz, assim, que faz dele uma figura quase etérea (eliminando eventuais rugas que escaparam à força imobilizadora do Botox), mandou ver: “O PMDB vai dar o que você merece!” Pois é!
Chalita está dando para alguns paulistas um exemplar de um de seus 8.795 livros: “O Pequeno Filósofo”. E, vocês sabem, ninguém merece um livro de Chalita desde, ao menos, a aprovação da lei que pune a tortura. O mais curioso é que ele parece ter escolhido um público-alvo: as professoras — especialmente as aposentadas. Pergunta: onde e como ele conseguiu esse mailing?
O mimo não seria completo se não se fizesse acompanhar de uma cartinha. Os diabéticos se cuidem. Eu a reproduzo abaixo, em vermelho. E não resisto a fazer alguns comentários em azul.
“FULANA,
Chegamos ao final de mais um ano!
E, neste ano que se vai, todas as estações nos fizeram companhia. E é sempre assim. Sofremos, enfrentamos problemas, vencemos, celebramos, choramos, sorrimos - vivemos, enfim.
Chalita já fez uns 87 cursos superiores e uns 235 doutorados. E pra quê? Para comparar a vida a um trem que pára em estações. Isso não é mais uma metáfora. Isso já não é mais um clichê. Isso só é uma tolice.
Somos viajantes. E convivemos com paisagens e pessoas. E, a cada estação em que o trem interrompe a viagem, podemos descer e aprender um pouco mais com as virtudes e os defeitos dos outros. Assim como podem os outros aprender conosco. Os verbos “viver” e “conviver” estão inexoravelmente ligado (sic).
A concordância nominal falece no fim do parágrafo, mas digamos que tenha sido só uma distração. Tenho de reconhecer: esse rapaz é corajoso; não tem medo do ridículo. Num rasgo de originalidade, diz que a vida é um eterno aprendizado. Caramba!!! Mas ele não parou por aí: descobriu também que os verbos “viver” e “conviver” estão “ligado”!!! Como se pudesse haver alguma dúvida a respeito e pudesse ser matéria controversa, ele recorre a um advérbio para demonstrar que é um autor ousado e convicto: estão ligados “inexoravelmente”. O segredo da prolixidade de Chalita é a sua absoluta falta de vergonha estilística.
Chegamos ao final de mais um ano!
Discordo, rá, rá, rá!
E quero, ao oferecer “O pequeno filósofo” a você, desejar que sua travessia seja rica de significados. Que a gentileza seja uma companheira inseparável e que você não se esqueça de prestar atenção a quem viaja a seu lado.
Huuummm… Ainda o trem! Chalita é o novo Profeta Gentileza! Só que não vaga pelas ruas em andrajos. Prefere uma cobertura dúplex em Higienópolis, comprada com o suor de seus livros, diz. Já chegou a afirmar que tinha sido com a herança da família…
“Sabe, o mundo dos invisíveis está mais perto do que se imagina. Eles estão por toda parte, mas talvez a pouca luz dificulte encontra-los (sic). Não é que não exista luz necessária (sic), é que os olhos vão se acostumando com a penumbra e não enxergam.”
Chalita deve estar se atrapalhando com a nova ortografia e esqueceu o acento em “encontrá-los”. O “mundo dos invisíveis” é justamente o mote de sua pré-campanha eleitoral na televisão. Ele ainda não definiu direito quem compõe a categoria. No mundo dos visíveis, o que me parece claro é que isso constitui uma tentativa de compra de voto, ainda que por intermédio de uma variante do assédio moral.
Chalita não se contenta apenas com os lugares comuns escandalosos, as tolices, enfatuadas, esse texto todo cheio de fricote pseudo-humanista. Agora ele deu também para matar o sentido. Ora, se afirma “não é que não exista luz necessária”, então se supõe que exista a tal “luz necessária”, seja lá o que isso queira dizer. Se existe, então se descarte a penumbra. Mas não, a dita-cuja vem em seguida: “É que os olhos vão se acostumando com a penumbra e não enxergam.” Aí, à boçalidade lógica, junta-se a boçalidade física: quando se acostumam com a penumbra, os olhos enxergam mais, não menos! Vai ver Chalita é um tipo especial, cuja pupila dilata na claridade e se contrai na escuridão.
Chegamos ao final de mais um ano!
Sejamos gratos. Deus nos concedeu o presente de prosseguirmos. Prossigamos, então, sem medo de conjugar o verbo amar.
Um abraço a você e a toda a sua família.
Gabriel Chalita”
Huuummm… Quer dizer que Deus é, agora, como Papai Noel. Quem “prossegue” é porque tinha o seu presentinho no saco. Os que morreram ficaram sem o agrado… O que mais me fascina é que este senhor é considerado, aqui e ali, um pensador católico. Quando se alinhou, na campanha eleitoral de 2010, com as forças que satanizaram as correntes verdadeiramente católicas, que se opõem ao aborto, parece ter se esquecido de que a vida é, então, não um presente — que isso é catolicismo de shopping center —, mas uma dádiva de Deus.
Dar presente a eleitores é compra de voto, seja um livro de Chalita, seja um par de botinas — sem rebaixar as botinas, é claro!
Para encerrar- Quem compra os livros para distribuição gratuita?
- É dinheiro de Chalita ou do PMDB?
- Que mailing ele está usando?
Por Reinaldo Azevedo

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