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segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Deputado acusa PT de ajudar a organizar saída de Carlos Lupi


O deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical, acusou nesta segunda-feira integrantes do Partido dos Trabalhadores de terem orquestrado a saída do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, do primeiro escalão do governo federal. O parlamentar disse "não ter dúvida" da participação do governador da Bahia, Jaques Wagner, e da advogada Marília Muricy, cujo voto na Comissão de Ética Pública da Presidência da República foi favorável à demissão de Lupi.
"Não tenho nem dúvida que (Marília Muricy) foi (influenciada). Ela era secretária do Jaques Wagner e no outro dia o Jaques Wagner passou por aqui (Brasília). Tem gente do PT que ajudou a organizar essa saída do ministro Lupi. A gente acha estranho que aliados possam fazer o que fizeram com o ministro Lupi", afirmou Paulinho da Força. "Tenho certeza de que tem gente do PT, tanto é que a Marília era secretária do Jaques Wagner. Tem toda uma ligação, um trabalho que foi feito para ter uma decisão até sem a presidente saber."
Após a Comissão de Ética Pública recomendar o afastamento de Lupi, a própria presidente pediu esclarecimentos ao colegiado, exigindo explicações sobre os argumentos que levaram-no a defender a exoneração de seu auxiliar.
O deputando também relembrou que Marília já teve problemas com uma acusação de racismo quando era secretária de Direitos Humanos do governo Wagner, na Bahia. Ela foi acusada de racismo pelo ex-diretor do Procon, Sérgio São Bernardo. A advogada sustenta que a demissão do ex-chefe do Procon ocorreu por irregularidade administrativa. Ele teria desobedecido a autoridade dela ao manter no cargo o secretário-executivo do Fundo Gestor de Defesa do Consumidor, embora o servidor já tivesse sido exonerado.
A queda de Lupi
O ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi (PDT), pediu demissão no dia 4 de dezembro, cerca de um mês após denúncias de que seus assessores cobrariam propina de organizações não governamentais (ONGs) conveniadas com a pasta e de que teria ocupado cargo-fantasma na Câmara dos Deputados por seis anos. No governo federal desde 2007, Lupi culpou a "perseguição política e pessoal da mídia" por sua saída.
A crise começou no início de novembro, quando a revista Veja publicou que funcionários do ministério estavam envolvidos em um suposto esquema de cobrança de propina de ONGs conveniadas com a pasta comandada pelo ministro. Segundo a publicação, entidades tinham o repasse bloqueado após problemas com a fiscalização. Assessores de Lupi, então, procuravam os dirigentes para resolver o problema cobrando propinas de 5% a 15%. Na ocasião, Lupi disse que irregularidades de funcionários, se existiam, não podiam ser atribuídas a ele, pedindo investigação do caso.
Mas o escândalo se ampliou quando o ministro teve que ir ao Congresso explicar uma viagem no avião do empresário dono da ONG Pró-Cerrado, que tem convênios de R$ 14 milhões com o Trabalho, para cumprir agenda no Maranhão. Inicialmente, o ministro negou conhecer Adair Meira, mas voltou atrás depois de ter fotos divulgadas ao lado dele. Lupi argumentou ter dito apenas que não mantinha "relações pessoais" com Meira.
Na última semana antes de deixar o cargo, o jornal Folha de S. Paulo, denunciou que o ministro foi lotado na liderança do PDT por seis anos, mas no período exerceu atividades partidárias como vice-presidente da sigla. As normas da administração pública dizem que ocupantes desses cargos devem exercer funções técnicas e precisam trabalhar nos gabinetes. Apesar do apoio do partido e da vontade da presidente Dilma Rousseff em não perder mais um ministro para denúncias de corrupção, a permanência de Lupi no comando da pasta se tornou insustentável após a Comissão de Ética Pública aplicar, por unanimidade, uma advertência e recomendar sua demissão.

TERRA

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