Quando recebeu a notícia da interdição do teatro interno do Centro de Convivência, a cantora lírica Niza de Castro Tank fez viagem às dores do passado. Recordou-se da tarde que, como plateia, assistiu à demolição do Teatro Municipal Carlos Gomes, em 1965. "São parecidas. Como aquela tragédia, esta me afetou muito. Como ficamos sem um teatro municipal?", lamenta-se a artista. As comparações não param por aí. Ganham o terreno da dramaticidade. Para tanto, a cantora recorre-se às chuvas. "Acredito que são as lágrimas de Carlos Gomes, que chora, como nós, pela situação cultural da cidade".
Agenda do Convivência é realocada para espaços particulares
Apesar do desalento, Niza dá o braço a torcer a prática de lacrar o espaço. "Estão evitando acidentes maiores...". Contudo, traz ao ocorrido algumas ressalvas. "Foi uma decisão violenta. Teria sido melhor avisar antecipadamente os grupos que ocupariam o espaço neste final do ano", avalia. Da mesma opinião divide Léa Ziggiatti, diretora do Conservatório Carlos Gomes. "Era previsível. Íamos ao teatro de corajosos que somos. Uma semana a mais, até para cumprir a agenda, não teria grandes problemas. Afinal, aguentamos até agora a sala com goteiras, queda de refletor, morcegos e escorpiões", destaca Léa.
Quanto às comparações, Léa teme a demolição do espaço. Seria uma injustiça às artes, reconhece, caso tal prática fosse aplicada ao espaço. "Mesmo machucado, o Convivência é um marco. Urbanisticamente, socialmente e culturalmente o espaço é muito importante para Campinas. Ao contrário, se for demolido, será mais uma praça abandonada". Em compensação, Niza de Castro Tank se propõe a quimeras. Entrega à população em 2012 do Castro Mendes e Convivência reformados? "E por que não mais um terceiro teatro, já prometido pelo governador. Quero sonhar".
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