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terça-feira, 29 de maio de 2012

O RESSUSCITAR DA LÍNGUA ARAMAICA - A LÍNGUA FALADA POR JESUS



A oração do "Pai Nosso" em aramaico
Duas pequenas aldeias da comunidade cristã que habita em Israel estão ensinando aramaico, num ambicioso esforço para reviver a língua que Jesus falava, séculos depois de ela ter praticamente desaparecido do Médio Oriente.
O novo foco na língua dominante na região há 2 mil anos atrás conta com a pequena ajuda da tecnologia moderna: um canal de TV em língua aramaica transmitido a partir da Suécia, onde uma vibrante comunidade de imigrantes tem mantido viva esta língua.
Na aldeia palestiniana de Beit Jala, uma geração mais velha de pessoas que falam aramaico está tentando partilhar a língua com os seus netos. Beit Jala está ao lado de Belém, onde segundo o Novo Testamento o Messias Jesus nasceu.
Também na aldeia árabe israelita de Jish, situada nos montes da Galiléia, onde Jesus viveu e pregou, as crianças da escola primária estão a ser instruídas em aramaico. As crianças pertencem maioritariamente à comunidade cristã maronita. Os maronitas ainda declamam a sua liturgia em aramaico, mas poucos entendem as suas orações.
"Queremos falar a língua que Jesus falava" - disse Carla Hadad, uma menina de 10 anos de Jish, que constantemente movia os seus braços para responder às questões em aramaico feitas pela professora Mona Issa durante uma aula recente.
"Nós costumávamos falar esta língua há muito tempo atrás" - acrescentou, referindo-se aos seus ancestrais. Durante a aula, uma dezena de crianças pronunciaram uma oração cristã em aramaico. Aprenderam também as palavras "elefante", "como estás?" e "montanha" em aramaico. Algumas crianças desenharam cuidadosamente letras aramaicas bastante pontiagudas.
O dialecto ensinado em Jish e Beit Jala é o "siríaco", que era falado pelos seus antepassados cristãos e que se assemelha ao dialecto galileu que Jesus teria usado, segundo a opinião de Steven Fassberg, um perito no aramaico na Universidade Hebraica de Jerusalém.
"Eles talvez se conseguissem compreender uns aos outros" - disse Fassberg.
80 crianças desde o 1º ao 5º graus estudam aramaico em Jish como matéria voluntária durante duas horas por semana. O Ministério da Educação de Israel providenciou fundos para acrescentar classes até ao 8º grau.
Alguns residentes de Jish fizeram lobby há alguns anos atrás para que realizassem estudos de aramaico - informou o porta voz Khatieb-Zuabi - mas a idéia encontrou resistência: os muçulmanos de Jish, preocuparam-se que essa fosse uma forma "encapotada" de aliciar as suas crianças para o cristianismo. Alguns cristãos objectaram, dizendo que a ênfase na sua língua ancestral estava sendo usada para os roubar da sua identidade árabe. A questão é sensível para muitos árabes muçulmanos e cristãos em Israel, que preferem ser identificados pela sua etnia e não pela sua fé religiosa.
Mais recentemente, Khatieb-Zuabi, um muçulmano secular de uma outra aldeia, conseguiu "vencer a causa":
"Esta é a nossa herança e cultura colectiva. Devemos celebrá-la e estudá-la" - afirmou o professor. E assim, segundo informações do Ministério da Educação, a Escola Primária de Jish tornou-se na única escola pública de Israel a ensinar aramaico.
Os seus esforços estão também espelhados na escola de Beit Jala, a Mar Afram, dirigida pela Igreja Ortodoxa Síria e localizada a escassos quilómetros da Praça da Manjedoura, em Belém.
Os sacerdotes têm ali ensinado a língua aramaica aos seus 320 alunos durante os últimos cinco anos. Cerca de 360 famílias na região descendem de refugiados de língua aramaica que nos anos 20 fugiram da região de Tur Abdin, naquilo que é hoje a Turquia.
O sacerdote Butros Nimeh informou que os anciãos ainda falam a língua, mas que a mesma se esvaiu entre as gerações mais novas. Nimeh disse que eles esperam que ao ensinarem a língua, as crianças venham a apreciar as suas raízes.
Apesar de tanto a Igreja Ortodoxa Síria como a Maronita cultuarem em aramaico, são dois grupos religiosos distintos.
Os Maronitas compõem a Igreja cristã dominante no vizinho Líbano, mas são apenas uns poucos milhares dentre os 210.000 cristãos que vivem na Terra Santa, Israel. Da mesma forma, os cristãos ortodoxos sírios não passam dos 2.000 na Terra Santa - informou Nimeh. No total, vivem em Israel cerca de 210 mil cristãos.
Ambas as escolas encontram inspiração e assistência num local inesperado: a Suécia. É lá, na Suécia que comunidades de fala aramaica oriundas do Médio Oriente estão a tentar manter viva a sua língua.
Ali eles publicam um jornal, o "Bahro Suryoyo", panfletos e livros infantis, incluindo "O Pequeno Príncipe" e mantêm uma estação de TV, a "Soryoyosat" - informou Arzu Alan, a representante da Federação Siríaca Aramaica da Suécia.
Há uma equipa de futebol aramaica também na Suécia. Estima-se entre 30 a 80 mil os que falam aramaico.
Para muitos cristãos maronitas e ortodoxos sírios que vivem em Israel, foi a estação de televisão em especial que lhes deu a primeira oportunidade de ouvirem a língua aramaica fora da igreja, desde há décadas. Ouvir a língua num contexto moderno inspirou-os a tentarem reviver a língua nas suas comunidades.
"Quando ouvimos (a língua), podemos falá-la" - disse Issa, a professora.
Os dialectos aramaicos foram falados na região desde há 2.500 anos atrás, até ao século 6º, quando o árabe, a língua falada pelos conquistadores muçulmanos da península arábica se tornou a língua dominante.
Alguma "ilhas" linguísticas sobreviveram: os maronitas agarraram-se à liturgia na língua aramaica, e o mesmo aconteceu com a Igreja ortodoxa síria. Os judeus curdos que viviam na ilha fluvial de Zakho falavam um dialecto aramaico chamado "Targum" até à sua fuga para Israel nos anos 50. Três aldeias cristãs na Síria ainda falam um dialecto aramaico.
Com poucas oportunidades para praticar a antiga língua, os professores em Jish têm acalmado as expectativas. Mas esperam poder pelo menos reviver uma compreensão da língua falada pelo Messias de Israel.
Shalom!

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