Para evitar uso político do dinheiro pela Integração, a presidente deixou a cargo do ministério da Casa Civil liberação de verbas a estados castigados pela chuva
Alagamento na avenida no bairro Primeiro de Maio, região norte de Belo Horizonte, em Minas Gerais (Agência Nitro/AE)
Nem mesmo de férias a presidente Dilma Rousseff consegue se livrar dos escândalos provocados pelos membros de sua equipe ministerial. E o enrolado da vez é o ministro Fernando Bezerra Coelho, titular da Integração Nacional, que destinou 90% das verbas da União para a prevenção de desastres naturais a seu estado, Pernambuco. Ao tomar conhecimento do fato, a presidente decidiu intervir e ordenou que, a partir de agora, a liberação de verbas antienchentes deverá passar pelo crivo da Casa Civil.Da Bahia, onde descansa, Dilma ligou na tarde de terça-feira para a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e deixou a cargo dela a questão das chuvas. A presidente ainda ordenou a adoção de critérios técnicos na distribuição de recursos da pasta para combate e prevenção de desastres, como enchentes e desmoronamentos, de acordo com o jornal O Estado de S. Paulo. Alijado do processo, Bezerra Coelho não recebeu sequer um telefonema de Dilma.
De acordo com o jornal O Globo, Dilma ainda pediu a Gleisi uma radiografia na rubrica de verbas para prevenção de enchentes, de modo a evitar novas denúncias de uso político do dinheiro. A chefe da Casa Civil precisou encerrar suas férias mais cedo para tratar do problema das enchentes que atingem o Sudeste do país. Ela se reuniu no Planalto com técnicos do ministério e da Defesa Civil, na terça-feira. Já a presidente ligou, no mesmo dia, para o governador mineiro Antonio Anastasia (PSDB), oferecendo ajuda federal ao estado, castigado pelas cheias.
Já o ministro da Integração Nacional interrompeu suas férias e marcou uma entrevista coletiva para esta quarta-feira, em Brasília, para falar da situação das chuvas no Brasil e os repasses de recursos federais para o combate e a prevenção de desastres naturais.
A concentração de verbas do programa de prevenção e preparação para desastres em Pernambuco foi tão grande que o estado lidera o ranking da liberação de dinheiro da União mesmo quando é considerado o pagamento de contas pendentes deixadas pelo governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Nesse ranking, Pernambuco é seguido pelos estados da Bahia, São Paulo, Santa Catarina e Paraná. Dos gastos autorizados e pagos em 2011, Pernambuco recebeu 14 vezes mais do que o segundo colocado, o Paraná, onde chuvas fortes provocaram enxurradas e deslizamentos no ano passado. Pernambuco recebeu 25,5 milhões de reais, contra 1,8 milhão de reais liberado para o Paraná, dos 28,4 milhões de reais pagos em obras autorizadas em 2011 para a prevenção de desastres naturais. O restante foi para outros estados.
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