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quarta-feira, 9 de maio de 2012

Serra e Haddad polarizam comentários nas redes sociais; mais da metade dos pré-candidatos é alvo de críticas


Serra e Haddad polarizam comentários nas redes sociais; mais da metade dos pré-candidatos é alvo de críticas

Os pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo pelo PSDB, José Serra, e pelo PT, Fernando Haddad, polarizam os comentários sobre a corrida eleitoral paulistana em redes sociais, conforme estudo encomendado pela empresa Scup, especializada em monitoramento de internet.
O levantamento isolou posts sobre os cinco pré-candidatos na corrida eleitoral paulistana mais mencionados no Twitter, Facebook, Google Notícias e em blogs das plataformas Wordpress e Blogger. Foi analisada uma amostra de 12,5 mil postagens de um universo total de mais de 30 mil menções, entre os dias 1º e 15 de abril deste ano.

São Paulo: Os pré-candidatos mais comentados nas redes sociais

De acordo com o levantamento, Serra e Haddad são mencionados quase com a mesma frequência nas redes sociais analisadas: em 38% e 37% do total de comentários. Chalita, Netinho e Soninha dividem o restante das menções.
O estudo também classificou o teor dos comentários em "positivo", "negativo" ou "neutro" em relação ao pré-candidato mencionado. A conclusão foi que Serra, Netinho de Paula (PCdoB) e Soninha Francine (PPS) receberam mais comentários negativos, enquanto Haddad e Chalita têm mais postagens classificadas como neutras. Veja os resultados abaixo.
A analista de mídia social responsável pelo estudo, Mariana Oliveira, afirma que esse tipo de pesquisa é um bom termômetro da imagem dos candidatos e já foi usado por muitas campanhas para definir estratégias de marketing direto.
“Nas redes sociais, o eleitor dá insights sobre o que precisa ser respondido ou reforçado na campanha. É como uma pesquisa qualitativa – e de graça, ainda por cima, feita pela equipe do candidato”, diz Oliveira.

Pré-candidatos nas redes sociais: análise dos comentários negativos



Nas postagens negativas relacionadas a Serra, os assuntos mais frequentes foram críticas genéricas à candidatura pelo PSDB e aos apoios do prefeito Gilberto Kassab e do governador Geraldo Alckmin recebidos pelo tucano (437 posts).

Em segundo lugar estão referências a corrupção – incluindo ligações do PSDB com o bicheiro Carlinhos Cachoeira e denúncias do livro “A Privataria Tucana” (204). O nome do pré-candidato aparece também associado ao senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) e ao deputado Fernando Francischini (PSDB-PR), pivôs de escândalo no período.
O terceiro assunto mais comentado, em 136 posts negativos, envolve a desaprovação pela saída da Prefeitura de São Paulo para disputar o governo do Estado em 2010 e especulações sobre nova candidatura de Serra ao Planalto em 2014.

O que mais rendeu críticas ao nome do petista no período analisado são os apoios da ex-prefeita Marta Suplicy (279 comentários) e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (260 comentários) ao pré-candidato.

Em 273 entradas, Haddad é associado a denúncias de corrupção – na maioria das vezes, ao nome do deputado cassado José Dirceu (PT-SP).
Em 231 comentários o assunto é a gestão de Haddad no ministério da Educação, em sua maioria atacando a organização do Enem (Ensino Nacional do Ensino Médio). Além destes, em outros 107 posts a crítica é diretamente ao que ficou conhecido como “kit gay”, material anti-homofobia distribuído pelo ministério da Educação em escolas públicas no Ensino Fundamental.

As críticas mais frequentes a Chalita têm relação com os livros publicados pelo pré-candidato, identificados com a corrente "autoajuda" (187 comentários).
Críticas à candidatura pelo PMDB ou às mudanças de partido do pré-candidato foram tema de 83 comentários. Chalita foi eleito vereador pelo PSDB em 2008 e deputado federal pelo PSB em 2010; em 2011, filiou-se ao PMDB.
Em 45 comentários negativos, ainda, internautas questionaram o posicionamento do pré-candidato com relação ao aborto ou à interrupção de gravidez de fetos anencéfalos, objeto de julgamento no STF (Supremo Tribunal Federal) no início do mês. Católico, Chalita não se pronunciou sobre o caso.

Nos comentários negativos sobre Netinho, o tema agressão é o mais frequente, em 245 posts. O pré-candidato já foi acusado de agredir a ex-mulher, em 2005, e uma aeromoça, quatro anos antes. Em 2009, foi obrigado na Justiça a indenizar um repórter de TV, também em um caso de agressão.
Em 187 comentários, as críticas foram ao partido e à candidatura de Netinho por um partido comunista. Netinho é vereador pelo PCdoB e se candidatou ao Senado em 2010 pelo mesmo partido.
Outros 16 comentários negativos se referem ao programa de TV apresentado pelo pré-candidato. No último dia 25 de fevereiro, Netinho estreou o “Programa da Gente” na Rede TV!. Até 2010, ele esteve à frente do “Show da Gente” no SBT.

Críticas à candidatura de Soninha à prefeitura e a seu partido integram a maior parte dos comentários negativos, em 91 posts.
Em 81 comentários negativos, o nome de Soninha é associado ao também pré-candidato José Serra e ao PSDB. Vereadora desde 2004, Soninha foi nomeada subprefeita da Lapa em 2009, na gestão de Gilberto Kassab, e desde 2011 dirige da Sutaco (Superintendência do Trabalho Artesanal nas Comunidades), órgão do governo do Estado.
Nos demais comentários negativos, a pré-candidata é associada a denúncias de corrupção (48), ao uso de drogas (27) e acusações de nepotismo (22), referindo-se a cargos ocupados pelas filhas no governo do Estado de São Paulo.

Arma de campanha

O sociólogo Sérgio Amadeu da Silveira, pesquisador do tema e membro do CGIbr (Comitê Gestor da Internet no Brasil), diz que as redes sociais podem ser “fulminantes” na campanha política porque notícias e denúncias podem tomar proporções muito maiores com a repercussão na Internet.
“Principalmente em cidades grandes ou verticalizadas, onde a campanha não acontece tanto na rua, a opinião pública acaba se formando pela Internet”, afirma Amadeu.
Por esse motivo, segundo ele, são poucos os candidatos que ignoram o espaço das redes sociais. A maioria prefere usar perfis virtuais apenas para distribuir material de campanha, mas alguns já olham para os comentários na Internet com um elemento para definir estratégias de marketing.
“Um candidato não pode falar ‘Twitter não me atinge’, porque afeta a imagem dos políticos, sim. Ataques podem acontecer, vão acontecer, e os candidatos têm que estudar melhor como responder”, diz Amadeu.

Alcance dos comentários sobre os pré-candidatos no Twitter*

  • *Alcance dos 15 perfis que mais mencionam o pré-candidato, em número de seguidores no Twitter

Outro lado

Procurados pelo UOL, os pré-candidatos comentaram os resultados do estudo por meio de suas assessorias.
"A única conclusão que emerge da pesquisa é a alta relevância de Serra nas redes sociais. Ele foi vanguardista em seu uso e é o político brasileiro mais identificado com elas”, diz a nota da assessoria de José Serra, que ainda destacou que o pré-candidato tem “quase um milhão de seguidores no Twitter”

Bater boca com internauta é estratégia errada, diz analista

A assessoria de Fernando Haddad disse que as redes sociais, principalmente Twitter e Facebook, terão atenção especial durante a campanha.
“Com relação ao estudo, ele foi feito num momento de pré-campanha, quando há pouca divulgação sobre a eleição municipal de outubro. Esse quadro sofrerá mudanças na medida em que haja maior conhecimento do público sobre Fernando Haddad e sua trajetória”, diz a nota.
Em nota, a assessoria de imprensa de Netinho afirma que “nem tudo que está nas redes sociais é a verdade”.
“As redes sociais expressam opiniões progressistas como também as opiniões mais conservadoras e preconceituosas, sendo um espaço plural que, ao mesmo tempo em que democratiza as ideias e opiniões, preserva a identidade de indivíduos e grupos dos mais diversos interesses, inclusive escusos como racistas, homofônicos e pedófilos”, informa o texto enviado pela assessoria de Netinho.



Em nota, Soninha Francine disse ter se surpreendido com a repercussão negativa de um comentário irônico sobre Demóstenes Torres e disse que sabe ter mais menções negativas do que positivas nas redes.

"Uma das razões é bastante mensurável: os tuiteiros governistas ou simpatizantes (...) são muito numerosos, muito mais organizados e muito, muito atuantes. Como eu sou de oposição, eles têm uma simpatia toda especial por mim... O mundo das redes sociais é como briga de torcidas organizadas: tem muita visibilidade, faz muito barulho, mas representa um pedaço bem delimitado da população, e não ela toda."
A equipe de Chalita não comentou o estudo, mas informou que durante a campanha uma equipe deve ser destacada para a interação nas redes sociais:
“Antes, falava-se muito da importância do cabo eleitoral em uma campanha. Ele continua importante, mas há outros mecanismos de chegarmos ao cidadão como Facebook, Twitter e blogs. Pretendemos ampliar nossa atuação na internet."

Imagens da corrida eleitoral pela Prefeitura de São Paulo

Foto 75 de 75 - 8.mai.2012 - Pré-candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PT Fernando Haddad participou de um Seminário sobre Ciência, Tecnologia e Inovação, no Sindicado dos Engenheiros em São Paulo, na noite desta terça-feira. O evento integra o projeto "Conversando com São Paulo", organizado pelo partido para a elaboração do programa de governo. Haddad prometeu programa de educação de tempo integral na capital paulista Mais Paduardo / Futura Press

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